Em novembro de 2004, a Academia Brasileira
de Ciências lançou declaração propondo subsídios básicos para uma reforma da
educação superior no Brasil. Esse documento baseou-se no Manifesto de Angra, assinado por alguns dos mais destacados
intelectuais brasileiros.
À época, considerou-se que o modelo adotado
pelas universidades brasileiras era ultrapassado e uma reforma era urgente. A
situação reportada ainda persiste, uma vez que as principais diretrizes do
modelo universitário brasileiro na maioria das instituições são as mesmas há
várias décadas.
Entre os principais conceitos propostos,
estava o ingresso em três grandes áreas e cursos compostos por ciclos curtos.
As áreas são: Ciências Básicas e Engenharia; Ciências da Vida; e Humanidades,
Artes e Ciências Sociais. Outro fundamento é a construção de cursos com perfis
interdisciplinares, visto que apenas os profissionais com formação científica
sólida e interdisciplinar são capazes de se adaptar eficientemente às
exigências do mercado de trabalho. Mencionava, também, entre diversos outros
pontos, a inclusão social e a defesa da Universidade pública e de qualidade.
O documento também reporta a necessidade de
valorização dos princípios acadêmicos nas universidades, baseada na avaliação
do mérito por comissões de pares. O financiamento deve ser prioritariamente
público, mas também devem ser buscadas fontes alternativas, e a autonomia
acadêmica e financeira deve ser perseguida caso a caso.
Muitos dos fundamentos discutidos em 2004
foram implementados por meio da criação da UFABC, como no caso dos bacharelados
interdisciplinares e da ausência de departamentos. Ao analisar esse documento
vemos, entretanto, que a maioria dos princípios fundamentais da reforma proposta
ainda precisam ser perseguidos. A UFABC é, certamente, a Universidade Federal
com maior potencial para realizar esses ideais.