sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Apresentação no segundo debate

Gostaria de iniciar essa conversa com a comunidade da UFABC fazendo uma afirmação que pode ser óbvia para muitas pessoas. O interessante, entretanto, é que, apesar de óbvio, muitos se esquecem disso em alguns momentos. Eu gostaria de lembrar a todos sobre o principal objetivo da Universidade: todos nós estamos aqui por causa dos estudantes.

Temos muitos colegas que acabam se envolvendo exclusivamente com um tipo de atividade, muitas vezes postas por necessidades da própria instituição. Alguns acabam cuidando somente de burocracias administrativas, outros focam na construção da infraestrutura da Universidade, enquanto outros preferem se dedicar somente a atividades de pesquisa, por exemplo, sem que haja interação com nossos alunos através de atividades de ensino de graduação, pós e extensão, nem a orientação de alunos em todos os níveis. Entendo que isso, por vezes, se torna necessário, e a Universidade não existiria sem o ‘sacrifício’ dessas pessoas pela Universidade.

No meu ponto de vista, entretanto, esse perfil não é o mais adequado para ocupar a posição de vice-reitor da UFABC. Precisamos de pessoas que tenham contato com a comunidade, e demonstrem competência evidente nos diversos segmentos da universidade. O cargo de Vice-Reitor é um cargo acadêmico, e não um cargo político-burocrático.

O ensino, como falei, deve ser prioridade total de qualquer administração. A avaliação dos docentes e dos alunos deve ser constante, de forma a tentar otimizar os processos de ensino dentro da Universidade. Muitos falam sobre problemas nessas áreas. Esses realmente existem, dados os relatos de alguns alunos. Mas qual a real extensão disso? Qual a real porcentagem de alunos que acham a aula de um dito professor muito ruins? Sem termos uma avaliação completa dos docentes, feita pelos discentes, torna-se difícil a realização de uma proposta sólida para o resolver o assunto.

Devemos lembrar que o ensino estende seus tentáculos também para outros segmentos, além da graduação. A pós-graduação também tem fundamental importância nesse quesito, juntamente com a pesquisa, que é feita, em sua maioria, por alunos de pós-graduação. A pós-graduação deverá ser um terreno muito fértil para a UFABC, que deve expandir bastante seus cursos de Mestrado e Doutorado. A consolidação da carreira de um docente necessita que estes tenham orientado alunos nos mais diversos níveis. Além disso, temos um dever para com a região e para com nossos próprios alunos de graduação, de dar oportunidades para que esses se especializem.

Na extensão, o foco deveria ser um pouco mais direcionado para interações com instituições locais, como escolas, prefeituras, ONGs e empresas. Creio que esse também seja um segmento onde muito ainda possa ser feito.

A pesquisa, para finalizar, talvez seja um dos temas mais complexos de ser discutido, devido a dificuldade em compararmos as atividades de diferentes grupos. No ensino isso é mais simples: o ideal seria que cada docente, independente da área na qual trabalha e do centro ao qual pertence, desse em média o mesmo número de horas que seus colegas. Na pesquisa isso é mais complexo. Temos diversas formas diferentes para fazer isso. Há o ‘parâmetro H’, o número de citações, o número de artigos, matérias em jornais, quantidade de alunos de IC, mestrado e doutorado formados, o sucesso que esses alunos tiveram, a quantidade de verbas que esse pesquisador consegue angariar e, talvez mais importante que todos esses, o impacto que seus projetos têm na comunidade. É importante notar, entretanto, que esses parâmetros normalmente são bons para comparar pessoas com perfis semelhantes. Não podemos utilizar, por exemplo, o parâmetro H para comparar um Biólogo com um Filósofo! Nem um engenheiro eletricista com um matemático. A solução, nesse caso, é uma análise feita por nossos pares, seguindo critérios comuns para uma determinada área. O CNPq possui comitês de assessoramento de praticamente todas as áreas. Como você se compara aos critérios do seu comitê de área? Certamente alguns não concordam com os critérios dos comitês de assessoramento, mas penso que eles refletem a opinião de cada área.

Por fim, gostaria de mencionar o tema ‘administração’, que se refere diretamente ao que estamos concorrendo aqui. Observamos, no último ano e meio, um aumento significativo na transparência das tomadas de decisão na UFABC. Esse caminho não pode, de forma alguma, ser revertido. Observamos recentemente a eleição de novos diretores de centro, de conselhos de centro e dos conselhos superiores. Isso demonstra claramente a democratização da UFABC. Penso que alguns outros objetivos que deveriam ser perseguidos são a descentralização da administração, e a desburocratização do sistema. A nova direção também deverá trabalhar arduamente para equiparar os quadros de servidores e alguns outros indicadores aos de outras instituições federais. Nisso se inclui uma equiparação da relação docente/TA e também uma equiparação dessa relação com o número de CDs e FGs concedidos.

Para finalizar, acredito que com vontade, disposição, transparência, responsabilidade e competência, conseguiremos atingir todos os grandes objetivos uma vez propostos para a UFABC.

domingo, 29 de novembro de 2009

E os laboratórios?

Nos últimos debates entre os candidatos a Reitor, ficou evidente a preocupação da plateia com relação aos laboratórios de ensino e pesquisa dentro da UFABC. Essa preocupação é dividida por todos os docentes, bem como nossos alunos de graduação e pós-graduação. Esse é certamente um problema importante, visto que nos dispusemos a ser uma Universidade com um grande enfoque em Ciência e Tecnologia. Não se faz Ciência e Tecnologia sem laboratórios modernos.
A situação hoje certamente não é adequada, mas isso deverá ser parcialmente revertido quando tivermos todos os prédios projetados para nossos Campi. Deve ser notado, entretanto, que a demanda por espaço de laboratórios deve continuar crescendo, á medida que novas tecnologias são desenvolvidas e que novos grupos de pesquisa são formados.
O Programa de Pós-Graduação em Nanociências e Materiais Avançados, que coordeno, já propôs a construção de um novo prédio de laboratório. Devemos ter em mente que esses prédios devem ser planejados para serem Laboratórios de Ensino e Pesquisa, e não prédios adaptados como os que dispomos hoje. Nosso objetivo inicial com esse projeto era utilizar a "Lei do Bem da Ciência", que dá benefícios fiscais a empresas que investem em Ciência e Tecnologia. Com o surgimento da crise global nos últimos anos, essa possibilidade foi ofuscada. Buscamos adaptar o projeto ao CT-Infra da FINEP, mas o projeto não foi aprovado na escolha dentro da UFABC.
Esse certamente é um assunto que sensibiliza todos na UFABC. Devemos, entretanto, ter responsabilidade para saber dos limites do que pode ser prometido. A UFABC deve buscar recursos junto aos órgãos federais e a empresas para viabilizar esses projetos. Entre as possibilidades estão o MEC, MCT, além de empresas. O ideal, nesse caso, seria utilizar recursos do governo federal para adquirir novas áreas nas redondezas do Campus de Santo André, e construir os prédios com recursos de projetos de nossos docentes, vinculados a empresas e usando a Lei do Bem da Ciência. Nas redondezas da UFABC há vários terrenos disponíveis como, por exemplo, um grande terreno quase em frente ao Hotel Ibis de Santo André.
A montagem de novos laboratórios certamente ocorrerá, independente dos dirigentes que estiverem á frente da UFABC. Não se faz Ciência e Tecnologia sem laboratórios!

Qual o papel do Vice-Reitor?

Segundo o Estatuto da UFABC, o Vice-Reitor substitui o Reitor nas suas faltas e impedimentos. Além disso, segundo nosso Regimento, o Vice-Reitor deve exercer as atribuições definidas nos atos de delegação baixados pelo Reitor. Dessa forma, estou disposto a trabalhar junto ao nosso novo Reitor, ajudando-o a comandar a UFABC.

Caso eleito, eu certamente me colocarei a disposição do novo Reitor para assumir as tarefas designadas por ele. Creio, também, que como Vice-Reitor poderei assumir uma posição estratégica para fomentar o diálogo entre os centros, de forma a buscarmos metas conjuntas para o desenvolvimento dos nossos projetos. A consolidação da interdisciplinariedade da UFABC passa necessariamente pelo diálogo entre os três centros e, para isso, é fundamental que os dirigentes tenham boa relação com esses.

Nos projetos que desenvolvi dentro da UFABC, como a pós-graduação em Nanociências, fica claro que já coordenei projetos envolvendo mais de um centro. O sucesso da UFABC passa necessariamente por esse caminho.