quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

ABC é líder acadêmico



A região do ABC está acostumada a ser líder no cenário nacional. Liderou como símbolo do desenvolvimento industrial brasileiro; liderou o processo de sindicalização da força operária. Por muito tempo, entretanto, foi relegada a papéis secundários no que tange o desenvolvimento acadêmico, do ensino e da pesquisa nacionais.

Mas essa história está mudando. No início do mês de dezembro, o Ministério da Educação divulgou a avaliação de 2.136 instituições de ensino superior. Segundo esta avaliação, a Universidade Federal do ABC  (UFABC) foi classificada como a segunda melhor universidade brasileira. Somente 27 instituições atingiram a nota 5, conceito máximo na avaliação, que indica a excelência de suas atividades.

Esses resultados aparecem no momento em que a UFABC completa seis anos de fundação. Alguns de seus cursos, como Engenharia de Materiais, Engenharia Ambiental e Urbana, Bacharelado e Licenciatura em Matemática e Química, aparecem como os melhores cursos do Brasil em suas áreas. Dos 13 cursos da UFABC que foram avaliados, dez estão entre os três primeiros do País.

Na UFABC os estudantes se deparam com um projeto pedagógico inovador, adaptado às demandas do mundo moderno. Durante os três primeiros anos, os alunos são matriculados nos Bacharelados Interdisciplinares em ‘Ciência e Tecnologia’ ou em ‘Ciências e Humanidades’. Após terem mais maturidade, escolhem o curso de formação específica que desejam seguir. Os resultados do MEC demonstram que esta é uma fórmula de sucesso, capaz de formar excelentes profissionais. A UFABC foi pioneira neste modelo, hoje implementado em mais de uma dúzia de universidades federais.

Além disso, a UFABC reserva, desde o seu primeiro ano, 50% de suas vagas para alunos cotistas. Os resultados da avaliação do MEC também demonstram que não há dicotomia entre a inclusão social e a excelência acadêmica. As cotas não diminuem a qualidade do ensino de uma instituição.

O resultado destas avaliações vêm coroar o trabalho desenvolvido na UFABC durante os últimos seis anos. Representa o esforço de sua comunidade na busca da excelência acadêmica, a fim de ajudar a colocar a região do ABC de volta à liderança do desenvolvimento brasileiro.






sexta-feira, 15 de junho de 2012

Quem quer ser professor?

A greve dos professores das universidades federais, iniciada no mês de maio, expõe um pequeno pedaço de uma grave crise nacional: o desprestígio do magistério.

Nossos jovens não almejam seguir a carreira de professor, principalmente por causa dos baixos salários e das precárias condições de trabalho.

Nas últimas décadas, nossa sociedade tem caminhado para um consenso sobre a importância da educação para o desenvolvimento do país. Sabe-se que a evolução da educação afeta diretamente áreas como saúde, segurança e saneamento. Cidadãos com mais anos de estudo tendem a cuidar melhor de si mesmos e do ambiente onde vivem.

Essa visão se consolida no momento em que se discute o novo Plano Nacional de Educação (PNE), mas retrocede ao colidir com barreiras para se destinar um mínimo de 10% do PIB brasileiro para essa área até o ano de 2020.

Sem a valorização da carreira docente corremos o risco de não termos mais professores para nossos filhos e netos nas próximas décadas.

Nas escolas de ensino fundamental e médio, o número de jovens professores tem diminuído; sobram vagas para docentes nos grandes centros e candidatos reprovados em concursos públicos são contratados para suprir essa carência; a procura por cursos de licenciatura nas universidades é muito baixa; o número de formandos está muito aquém do necessário, principalmente nas ciências exatas, como Física, Química e Matemática.

Em faculdades particulares, turmas são fechadas devido à falta de alunos. Isso ocorre mesmo com incentivos do governo, como o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) e o Programa Universidade para Todos (Prouni).

A situação não é diferente quando analisamos a situação dos professores universitários: faltam profissionais preparados em muitas áreas do conhecimento. Aqueles que devem formar os novos professores também são mal remunerados.

Nossos governantes tem mostrado, nos últimos tempos, todo seu arrojo, objetividade e coragem ao encarar de frente problemas sérios do cenário nacional.

Foi concedido recentemente aumento de 14% ao salário mínimo, muito acima da inflação, dando melhores condições de vida a milhões de brasileiros; diminuíram os lucros exorbitantes dos bancos, afetando um dos setores mais poderosos de nossa economia; foram alteradas as regras da poupança, porto seguro da classe média.

Já mostramos que, quando desejamos, temos capacidade e audácia para mexer em pontos críticos. Deveríamos, portanto, trabalhar em prol da valorização da carreira docente, desde a educação básica até a superior, incentivando nossos jovens a seguirem nesse rumo. Apesar disso não resolver todos os problemas da educação, certamente é um importante passo.

Alguns argumentam que, em muitos estados e municípios, faltariam recursos para tal valorização. Se for o caso, busquem-se empréstimos a serem pagos em longo prazo.

Afinal de contas, todos sabemos que a educação é um ótimo investimento, com rendimento garantido pela melhora direta da condição econômica e social da população.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Subsídios para a reforma da educação superior


Em novembro de 2004, a Academia Brasileira de Ciências lançou declaração propondo subsídios básicos para uma reforma da educação superior no Brasil. Esse documento baseou-se no Manifesto de Angra, assinado por alguns dos mais destacados intelectuais brasileiros.

À época, considerou-se que o modelo adotado pelas universidades brasileiras era ultrapassado e uma reforma era urgente. A situação reportada ainda persiste, uma vez que as principais diretrizes do modelo universitário brasileiro na maioria das instituições são as mesmas há várias décadas.

Entre os principais conceitos propostos, estava o ingresso em três grandes áreas e cursos compostos por ciclos curtos. As áreas são: Ciências Básicas e Engenharia; Ciências da Vida; e Humanidades, Artes e Ciências Sociais. Outro fundamento é a construção de cursos com perfis interdisciplinares, visto que apenas os profissionais com formação científica sólida e interdisciplinar são capazes de se adaptar eficientemente às exigências do mercado de trabalho. Mencionava, também, entre diversos outros pontos, a inclusão social e a defesa da Universidade pública e de qualidade.

O documento também reporta a necessidade de valorização dos princípios acadêmicos nas universidades, baseada na avaliação do mérito por comissões de pares. O financiamento deve ser prioritariamente público, mas também devem ser buscadas fontes alternativas, e a autonomia acadêmica e financeira deve ser perseguida caso a caso.

Muitos dos fundamentos discutidos em 2004 foram implementados por meio da criação da UFABC, como no caso dos bacharelados interdisciplinares e da ausência de departamentos. Ao analisar esse documento vemos, entretanto, que a maioria dos princípios fundamentais da reforma proposta ainda precisam ser perseguidos. A UFABC é, certamente, a Universidade Federal com maior potencial para realizar esses ideais.