sexta-feira, 15 de junho de 2012

Quem quer ser professor?

A greve dos professores das universidades federais, iniciada no mês de maio, expõe um pequeno pedaço de uma grave crise nacional: o desprestígio do magistério.

Nossos jovens não almejam seguir a carreira de professor, principalmente por causa dos baixos salários e das precárias condições de trabalho.

Nas últimas décadas, nossa sociedade tem caminhado para um consenso sobre a importância da educação para o desenvolvimento do país. Sabe-se que a evolução da educação afeta diretamente áreas como saúde, segurança e saneamento. Cidadãos com mais anos de estudo tendem a cuidar melhor de si mesmos e do ambiente onde vivem.

Essa visão se consolida no momento em que se discute o novo Plano Nacional de Educação (PNE), mas retrocede ao colidir com barreiras para se destinar um mínimo de 10% do PIB brasileiro para essa área até o ano de 2020.

Sem a valorização da carreira docente corremos o risco de não termos mais professores para nossos filhos e netos nas próximas décadas.

Nas escolas de ensino fundamental e médio, o número de jovens professores tem diminuído; sobram vagas para docentes nos grandes centros e candidatos reprovados em concursos públicos são contratados para suprir essa carência; a procura por cursos de licenciatura nas universidades é muito baixa; o número de formandos está muito aquém do necessário, principalmente nas ciências exatas, como Física, Química e Matemática.

Em faculdades particulares, turmas são fechadas devido à falta de alunos. Isso ocorre mesmo com incentivos do governo, como o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) e o Programa Universidade para Todos (Prouni).

A situação não é diferente quando analisamos a situação dos professores universitários: faltam profissionais preparados em muitas áreas do conhecimento. Aqueles que devem formar os novos professores também são mal remunerados.

Nossos governantes tem mostrado, nos últimos tempos, todo seu arrojo, objetividade e coragem ao encarar de frente problemas sérios do cenário nacional.

Foi concedido recentemente aumento de 14% ao salário mínimo, muito acima da inflação, dando melhores condições de vida a milhões de brasileiros; diminuíram os lucros exorbitantes dos bancos, afetando um dos setores mais poderosos de nossa economia; foram alteradas as regras da poupança, porto seguro da classe média.

Já mostramos que, quando desejamos, temos capacidade e audácia para mexer em pontos críticos. Deveríamos, portanto, trabalhar em prol da valorização da carreira docente, desde a educação básica até a superior, incentivando nossos jovens a seguirem nesse rumo. Apesar disso não resolver todos os problemas da educação, certamente é um importante passo.

Alguns argumentam que, em muitos estados e municípios, faltariam recursos para tal valorização. Se for o caso, busquem-se empréstimos a serem pagos em longo prazo.

Afinal de contas, todos sabemos que a educação é um ótimo investimento, com rendimento garantido pela melhora direta da condição econômica e social da população.

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